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O quão diverso é o mundo dos insetos parasitas e suas relações?

Texto elaborado pela colaboradora Mariana Siqueira Moura dos Santos


Designa-se o termo parasita aos insetos cujos hábitos de vida dependem da extração de nutrientes de um ou mais indivíduos hospedeiros , a fim de completar seu desenvolvimento. Tal relação é benéfica ao parasita mas varia entre danosa ou neutra para o hospedeiro, porém sem provocar a sua morte, visto que o hábito parasitário necessita que o hospedeiro permaneça vivo e realizando suas funções metábólicas para que o parasita continue retirando seus recursos.

Em contrapartida, o hábito parasitóide segue uma linha similar, mas seu desenvolvimento culmina na morte do hospedeiro, o qual serve por exemplo como receptáculo para insetos em estágio larval que o consumirão de dentro para fora.

Estes comportamentos são facilmente observados em diversas famílias de insetos (com ênfase para membros das ordens Diptera e Hymenoptera), e são frequentemente alvo de estudo devido ao modo como interagem com outros invertebrados, vertebrados e plantas, apresentando uma variedade de estratégias originadas da co-evolução entre estes organismos. Embora sejam predadores ativos, os parasitas e parasitóides podem também ser parasitados por outros organismos, os mais comuns sendo fungos, em uma interação chamada de hiperparasitismo.

Como exemplos de insetos parasitas, podem ser citados os pernilongos (Diptera, Culicidae), ectoparasitas que utilizam seu aparelho bucal picador para extrair sangue dos hospedeiros, desta forma algumas espécies podem provocar severas patologias como a fêmea do mosquito Aedes aegypti, transmissora da dengue, chikungunya, zika e febre amarela (Figura 1).



Figura 1 – Aedes aegypti, mosquito trasmissor da Dengue e outras doenças nocivas. Fonte: https://drauziovarella.uol.com.br/infectologia/doencas-transmitidas-por-aedes-aegypti-e-aedes-albopictus/


Há também ocorrência de parasitas que optam por apenas um tipo de hospedeiro, como os dípteros das famílias Streblidae e Nycteribiidae (Figura 2), também ectoparasitas hematófagos, que parasitam apenas morcegos (Chiroptera). Pouco se sabe sobre os fatores que definem a especificidade desta interação, mas tais aspectos são geralmente influenciados pela distribuição geográfica, comportamento, e ecologia do hospedeiro. Estes insetos raramente deixam seu hospedeiro, e podem causar cegueira nos morcegos ao se alimentarem de seu sangue.



Figura 2 – Mosca Nycteribiidae parasitando morcego. Fonte: https://www.naturepl.com/stock-photo-penicillidia-sp-nature-image00586113.html


Quanto aos insetos parasitóides, dá-se notória importância às vespas (Hymenoptera), pois são de grande valor ao agronegócio como controle biológico de pragas agrícolas, por exemplo as vespas da espécie Tamarixia radiata (Figura 3), responsáveis por controlar a população de psilídeos (Hemiptera) da espécie Diaphorina citri, vetores da bactéria Candidatus Liberibacter spp. causadora de doenças que atingem as plantações de citrus (Greening).



Figura 3 - Fêmea de Tamarixia radiata parasitando ninfas de Diaphorina citri. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-6-Femea-de-Tamarixia-radiata-parasitando-ninfas-de-Diaphorina-citri_fig3_317689294


Outro exemplo são moscas da família Sarcophagidae, insetos de destaque ao campo da entomologia forense por serem parasitas facultativos que apresentam hábito necrófago. Essas moscas costumam depositar seus ovos nos materiais em processo de decomposição, feridas abertas e tecidos necrosados, causando miíases pela infestação de larvas (Figura 4).



Figura 4 – Mosca necrófaga Sarcophagidae se alimentando de tecido em decomposição. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-4-Mosca-pertencente-a-familia-Sarcophagidae_fig4_282359693


Apesar do parasitismo ser predatório e desarmônico, esta interação é de suma importância ao meio ambiente, tomando parte em uma complexa cadeia ecológica onde os parasitas fazem o controle de outras espécies, evitando a superpopulação, ao passo que também podem ser predados por outros indivíduos, atuam como decompositores e servem também como indicador biológico de um desbalanço populacional causado por falta de recursos, regiões desfavoráveis e desaparecimento ou realocação das espécies hospedeiras.

REFERÊNCIAS:

Souza, L.; Braga, S.M.P; Campos, M.J.O. Himenópteros Parasitóides (Insecta, Hymenoptera) Em área agrícola em Rio Claro, SP, Brasil. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v. 73, n. 4, p. 465-469, 2006.

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Étienne, J.; Quilici, S.;;; Marival, D.; & Franck, A. (2001). Biological control of Diaphorina citri (Hemiptera: Psyllidae) in Guadeloupe by imported Tamarixia radiata (Hymenoptera: Eulophidae). Fruits, 56(5), 307-315. Disponível em: <https://www.cambridge.org/core/journals/fruits/article/biological-control-of-diaphorina-citri-hemiptera-psyllidae-in-guadeloupe-by-imported-tamarixia-radiata-hymenoptera-eulophidae/3293A4B5841372D7AAEB9FED4B008E40>. Acesso em: Maio de 2020.

Parra, José Roberto & Diniz, Alexandre & Vieira, Jaci & Alves, Gustavo. (2017). Utilização do parasitoide Tamarixia radiata como componente do manejo integrado do huanglongbing. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/317689294_Utilizacao_do_parasitoide_Tamarixia_radiata_como_componente_do_manejo_integrado_do_huanglongbing>. Acesso em: Maio de 2020.

Mello-Patiu, C. A; Silva, K. P. & Vairo, K. P. Checklist dos Sarcophagidae (Insecta,Diptera) do Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Iheringia, Série Zoologia, 107(supl.): e2017142, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/isz/v107s0/1678-4766-isz-107-e2017142.pdf> Acesso em: Maio de 2020.

Mesmo muitas vezes nocivos, parasitos são essenciais para o planeta. Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2015. Disponível em < https://www.sbmt.org.br/portal/mesmo-muitas-vezes-nocivos-parasitos-sao-essenciais-para-o-planeta/>. Acesso em: Maio de 2020.


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