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O potencial medicinal dos insetos: Apitoxinoterapia

Texto escrito pelo bolsista Wesley dos Santos Mateus.

A ideia de utilizar insetos como medicamento parece meio absurda, certo?! Mas não podemos descartar seu potencial nem o peso cultural dessa prática, que esta inserida nos mais diversos contextos sociais e econômicos. No estado indiano de Chhattisgarh, mais de 500 espécies de insetos são usadas como remédio (Oudhia, 1998). Aqui no Brasil, foram catalogados 50 etnoespécies usadas na medicina da Bahia (Costa Neto; Medeiros Pacheco, 2004) .

As espécies são diversas e os métodos usados também; cheirar, comer, cozinhar, moer, mascar etc.

Dentre essas milhares de possibilidades, uma tem um contexto histórico imenso, e vou tratar dela nesse texto: Abelha Italiana (Apis mellifera lingustica) (Figura 1).


Figura 1 – Apis mellifera lingustica (Hymenoptera) uma subespécie de A. mellifera típica do sul europeu, atualmente comum no Brasil. Fonte: http://entnemdept.ufl.edu/creatures/MISC/BEES/euro_honey_bee.htm

Quando falamos de abelha, imediatamente todos pensamos no mel que é largamente usado como remédio, mas o mel não é a única substância produzida pelas abelhas com potencial medicinal, nesse texto iremos tratar da apitoxina.

A apitoxina é o veneno encontrado nos ferrões de abelhas do gênero Apis e tem função de afastar predadores, esse veneno é produzido pelas glândulas do ferrão (ovipositor modificado) dentro do abdômen das abelhas operárias (Figura 2).


Figura 2 – Ferroada de abelha seguida pela remoção do ferrão do abdômen. Fonte: https://www.mel.com.br/apitoxina-ou-veneno-de-abelha/

Historicamente, a apitoxinoterapia é praticada desde o Egito Antigo, e já era considerada eficaz no tratamento de artroses, artrites e tendinites (Molica, 1993; Filgueiras e Souza, 1999). Carlos Magno, no século VIII foi tratado com ferroadas de abelha para combater sua inflamação nas juntas (Maia, 2002).

O tratamento, na maioria das vezes, consiste na aplicação direta da apitoxina através das ferroadas. A peçonha desses insetos bloqueia os nervos sensoriais, e esse bloqueio leva a redução da dor (Berenbaum, 1995).

Hoje em dia, com uma demanda maior por tratamentos naturais, medicamentos preparados a base de princípios ativos extraídos da apitoxina já são comercializados em vários países. No Brasil, temos o “Apitoxina Alergen”, um remédio homeopático disponível em farmácias de manipulação para o tratamento anti-inflamatório (Figura 3).


Lembro ainda que estes medicamentos precisam de prescrição médica e as pessoas alérgicas à abelhas devem evitar este tipo de terapia!


Figura 3 – “Apitoxina Alergen”, um remédio homeopático com propriedades anti-inflamatórias feito com apitoxina dinamizada. Fonte: http://www.dermus.com.br/loja/apitoxina-alergen-30ml-veromed/

Referências:

Oudhia, P. 1998. Medicinal insects and spiders. Insect Environment, 4 (2): 57-58.

Molica, F. 1993. Cariocas aderem à picada de abelha ‘terapêutica’. Folha de São Paulo, 24 jul. 1993.

Filgueiras, C. R. M.; Souza, A. F. 1999. Abelhas e seu veneno: a veracidade da apitoxinoterapia. Resumos do I Encontro Baiano de Etnobiologia e Etnoecologia, Feira de Santana, Brasil, p. 47

Maia, A. B. 2002. O potencial terapêutico da apitoxina. Mensagem Doce, 66: 15-22.

Berenbaum, M. R. 1995. Bugs in the system: insects and their impact on human affairs. Perseus Books, Massachusetts, USA, 377 pp

COSTA NETO, Eraldo Medeiros; PACHECO, Josué Marques. Utilização medicinal de insetos no povoado de Pedra Branca, Santa Terezinha, Bahia, Brasil. Biotemas, Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 113-133, jan. 2005. ISSN 2175-7925. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/biotemas/article/view/21470>. Acesso em: 24 maio 2020.

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