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Foto do escritorvansuzuki9

Texto elaborado pelo bolsista Wesley dos Santos Mateus


Você muito provavelmente já ouviu falar ou leu sobre o método de controle biológico. É um assunto em voga na atualidade, e principalmente agora com o desaparecimento progressivo de algumas espécies de insetos por conta dos defensivos agrícolas químicos.

Mas o que é o controle biológico? Como funciona?

O controle biológico para pragas é bem simples, mas muito eficaz. Esse método consiste na utilização de inimigos naturais nas lavouras para impedir que algumas pragas destruam a produção. Esses inimigos naturais são criados em laboratório e depois soltos na plantação para fazer o controle natural de pragas.

Por exemplo, adultos de Cotesia flavipes (vespas parasitóides) são liberados em canaviais para o controle de lagartas da broca-da-cana (Diatraea saccharalis) que causam danos à produção de cana-de-açúcar (Figura 1). Essas vespinhas colocam seus ovos diretamente nas lagartas brocadoras, depois que eclodem as larvas da vespa se alimentam de sua hospedeira, que morre antes de virar mariposa.

Esses controles são registrados como “produtos biológicos” e vendidos como um produto conhecido por Cotesia Biocontrol.



Figura 1 – Liberação dos adultos de Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) nos canaviais para o controle natural de pragas (A) e a vespinha atacando uma lagarta (B). Fonte: https://www.mfrural.com.br/detalhe/260822/cotesia-flavipes, https://revistapesquisa.fapesp.br/2012/05/11/inseto-contra-inseto/

Mas insetos não são os únicos biocontroladores naturais, existem ainda os fungos e até os vírus!

Por exemplo, no controle biológico de lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (Figura 2), que come plantações de milho, é utilizado o entomopatógeno baculovírus. Esse grupo é o mais estudado dentro dos entomopatógenos, sendo que são conhecidos mais de 20 grupos de vírus patogênicos a insetos (MARTIGNOMI; IWAI, 1986). O baculovírus tem uma taxa de infecção alta e causa morte celular e liquefação dos tecidos da lagarta (FEDERICI, 1997, 1999).



Figura 2 - A lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda. Fonte: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/22266550/pesquisa-cria-primeiro-inseticida-a-base-de-virus-contra-lagarta-do-cartucho


Os biocontroladores são, portanto, uma alternativa mais natural e saudável para o produtor, para o produto e para seu consumidor, uma vez abrem mão dos químicos contaminantes, como Clorotalonil, Glifosato e Atrazina, que causam danos a nossa saúde a ao meio ambiente devido à sua toxicidade.

Você pode verificar a lista de biocontroladores pelo site AGROFIT do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos links abaixo. Este site é um banco de dados do governo com informações sobre agrotóxicos, combate de pragas e alternativas fitossanitárias disponível na pagina do MAPA para consulta pública.


Você pode consultar também a Embrapa:


Referências

THAIS FAGUNDES. Controle Biológico de Pragas Agrícolas: Como utilizar esse método. Site Lavoura 10. 2019. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/controle-biologico-pragas-agricolas/> Acesso em abril de 2020.

CIRCULAR TECNICA114. EMBRAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Minas Gerais, 2009. Pág. 2-11. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/controle-biologico-da-lagarta-do-cartucho-com-baculovirus.pdf/2e536084-d40f-4e6f-8145-b6880c1487a5 Acesso em: abril de 2020.

DINARDO-MIRANDA, Leila Luci et al. Dispersal of Cotesia flavipes in sugarcane field and implications for parasitoid releases. Bragantia, Campinas, v. 73, n. 2, p. 163-170. Junho de 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/brag.2014.023>. Acesso em: abril de 2020.

HENRIQUE CORTEZ. Herbicida atrazina é associado à inflamação da próstata e atraso de puberdade. Redação. Site EcoDebate, 2010. Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br/2010/08/26/herbicida-atrazina-e-associado-a-inflamacao-da-prostata-e-atrasos-da-puberdade/> Acesso em: abril de 2020.

FEDERICI, B. A. Baculovirus pathogenesis. In: MILLER, L. K. (Ed.). The baculoviruses. New York: Plenum Press, 1997. p. 33-59.

MARTIGNONI, M. E.; IWAI, P. J. A catalogue of viral diseases of insects, mites, and ticks. 4 ed. Portland: USDA, 1986. 51 p. (USDA. Forest Service, Pacific Northwest Research Station General Technical Report. PNW-195).

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Texto elaborado pela bolsista Jady Berreta


Fonte: https://www.kissclipart.com


As abelhas (Hymenoptera: Apidae) são insetos polinizadores e sociais que vivem em colméias na qual as atividades são divididas em castas (operárias, rainha e zangões). Esses insetos são responsáveis por produzir alguns produtos de uso humano como a cera, a geléia real, a própolis e o mel, que é feito a partir do néctar que as operárias coletam nas flores.

Nos últimos anos, muitos casos de mortes de abelhas e perda de colméias, não só na natureza, mas também nas apiculturas, estão se tornando muito comuns e alarmando os pesquisadores. Estudos apontam vários os motivos que podem estar associados a este problema, como a expansão da agricultura, da urbanização e, principalmente, o desmatamento que diminuem seu habitat e ocasionam baixa nutrição, pois há menor disponibilidade de alimento, aumento da incidência de patógenos (fungos, ácaros, etc.) e o uso inadequado ou excessivo de agrotóxicos, fungicidas e pesticidas nas lavouras próximas às áreas naturais das abelhas.

A utilização dessas substâncias pode afetar indiretamente as abelhas, matando fungos importantes para elas (Figura 1); afetam o sistema nervoso - matando-as logo que entram em contato ou chegando à colméia onde contaminam as outras; ou ainda afetando a memória e impedindo o retorno à colônia. Além desses problemas, por causa dos agrotóxicos o mel acaba sendo contaminado afetando também a indústria alimentícia.



Figura 1: Importante fungo (seta) cultivado pela abelha nativa brasileira sem ferrão (Scaptrotrigona depilis) pode ser afetado pelo excesso de agrotóxicos. Fonte: <http://agencia.fapesp.br/abelha-canudo-depende-de-complexa-comunidade-fungica-para-sobreviver/31587/>. Acesso em maio de 2020.


Assim se o uso de agrotóxicos continuar a aumentar, outros casos como o de Santa Catarina que registrou aproximadamente 50 milhões de abelhas mortas por intoxicação em janeiro de 2019 (Torres, 2019) só tenderá a crescer e gerar maiores problemas para a agricultura e para o meio ambiente, extinguindo muitas plantas e afetando todo o ecossistema.

As abelhas nativas coloniais como a mandaçaia (ou uruçú) e a jataí sofrem ainda com a competição com a abelha melífera (Apis mellifera) que foi introduzida no Brasil. Existem ainda várias espécies de abelhas solitárias, como abelhas-das-orquídeas, e mamangavas que também são afetadas. Um dos maiores problemas causados pelo desaparecimento das espécies de abelhas nativas é a reprodução das espécies de plantas nativas, que dependem das abelhas para sua polinização .

Referências e leituras complementares:

FRANÇA, A. Tudo Sobre Abelhas: Tipos, importância, vida, o que produzem, curiosidades. Escola Educação. Disponível em:<https://escolaeducacao.com.br/tudo-sobre-abelhas/>. Acesso em: 23 de Abril de 2020.

PIRES, C.S.S. et.al. Enfraquecimento e perda de colônias de abelhas no Brasil: há casos de CCD?. Scielo, 2016. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/pab/v51n5/1678-3921-pab-51-05-00422.pdf >. Acesso em: 23 de Abril de 2020.

Matt McGrath. Por que há cada vez mais moscas e baratas e menos borboletas e abelhas. BBC, 2019. Disponível em:<https://www.bbc.com/portuguese/geral-47216079>. Acesso em: 23 de Abril de 2020.

TORRES, A. O agrotóxico que matou 50 milhões de abelhas em Santa Catarina em um só mês. BBC, 2019. Disponível em:<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49657447>. Acesso em: 23 de Abril de 2020.

OLIVEIRA, S. De envenenamento a desorientação durante o vôo, como os agrotóxicos afetam pássaros e abelhas. BBC, 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45090375>. Acesso em: 23 de Abril de 2020.

PEREIRA, D.S. et. Al. Abelhas nativas encontradas em meliponários no oeste potiguar-RN e proposições de seu desaparecimento na natureza. In: Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p. 54-65 julho/dezembro de 2006. Disponível em: <file:///C:/Users/Jady/Downloads/16-16-1-PB%20(2).pdf>. Acesso em: 29 de Abril de 2019.

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Foto do escritorvansuzuki9

Duração: episódios de até 3 minutos.

Direção: Criada por Richard Thomas, e produzida por One Animation, os mesmos criadores de Oddbods, outro desenho infantil.

Origem: Singapura-Grã Bretanha


Este programa conta sobre a vida de duas formigas curiosas, Joey e Boo, que exploram o mundo em que vivem (Figura 1). Além de mostrar o cotidiano das formigas (na realidade um formigueiro é uma colônia composta por centenas a milhares de formigas e não somente duas), o desenho apresenta também algumas interessantes curiosidades e informações da interação desse inseto com outros animais e plantas como, por exemplo, do contato dos dois personagens com aranhas, com plantas carnívoras e com fungos.

Em um dos episódios, Joey se “infecta” com os esporos de um cogumelo e se transforma em um zumbi, fazendo referencia à algumas espécies de fungos parasitas de insetos conhecidas, porém pouco estudadas (por exemplo: Ophiocordyceps unilateralis, Ophiocordyceps camponoti-rufipedis, Ophiocordyceps camponoti-balzani, Ophiocordyceps camponoti-melanotici e Ophiocordyceps camponoti-novagrandensis) que “hipnotizam” e acabam matando não somente formigas mas também outros insetos (Figura 2).



É muito interessante entender mais sobre relações das formigas com o meio e como elas se comportam, a partir de uma narrativa ilustrativa em forma de desenho, além de despertar principalmente a curiosidade das crianças sobre o mundo dos insetos.


Pode ser encontrado no youtube no canal Oddbods Brasil (playlist completa do desenho): https://www.youtube.com/watch?v=fXQ41a6XzrI&list=PLxoUzwQguz5C2GL136k2B8Dyb_czFHapl

Texto elaborado pela bolsista Jady Berreta.

Referências sobre o fungo: SANTOS, E.R.D. Fungos que transformam formigas em zumbis são encontrados no Sul do Brasil. Notícias da UFSC, 2013. Disponível em:< https://noticias.ufsc.br/2013/11/fungos-que-transformam-formigas-em-zumbis-sao-encontrados-no-sul-do-brasil/>. Acesso em 14 de Abril de 2020.

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